segunda-feira

O que os jovens vão fazer na lan house?

Não há nenhuma certeza, mas calcula-se que hoje no Brasil existam cerca de 70.000 lan houses. E menos de 5.000 bibliotecas públicas. Quanto às escolares muito pouco se sabe. Um detalhe: a lan house é porta para outra biblioteca: imensa, todo o conteúdo da internet com imagem, cor, som, vídeo... Já as bibliotecas variam muito, mas como nós sabemos a maioria forma uma paisagem desoladora. Então vemos um belo nó: nem chegamos à biblioteca desejável e já temos alternativa irresistível para as crianças e os jovens. Desconheço pesquisa sobre as lan houses e, principalmente, sobre o que os freqüentadores vão fazer lá. Mas por notícias vagas e dispersas parte da clientela vai mesmo fazer pesquisa escolar. Como disse em mensagem anterior, nas duas últimas décadas o estudo das bibliotecas públicas e escolares despencou – como se a importância delas também tivesse caído. Se existissem estudos sobre o assunto provavelmente seria constatado que as lan houses explodiram e as bibliotecas implodiram, aquelas, progressivamente, substituindo estas. É espantoso, mas captei parte dessas informações na... TV Globo, Regina Casé. Acho que estamos perdendo o bonde da história.
Há um campo mais próximo de nós e, pelo que me consta, também pouco estudado pelo ângulo do uso e do público: os serviços que, antes, eram denominados “bibliotecas especializadas”. Também não tenho certeza, mas pelo meu periscópio percebo que ano a ano está caindo o número de usuários desses serviços. Parte substancial dos pesquisadores não utiliza mais os periódicos impressos, pois encontra o que deseja nos computadores domésticos ou do escritório conectados à internet. Um pesquisador cresce em seu conhecimento específico com a capacidade de se abastecer de informações. Ele, sem esforço, sabe o que precisa ler para se atualizar. Um especialista em célula-tronco, por exemplo, não precisa de um intermediário para lhe dizer o que deve ler: ele está permanentemente conectado a outros pesquisadores numa rede que envolve o planeta e que faz a emissão e a recepção serem quase simultâneas.
Depois dessas visões das duas pontas do arco da pesquisa resta a pergunta: numa perspectiva de futuro qual será a nossa identidade profissional?